O segredo da gestão de conhecimento, o novo diferencial de mercado

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Eu possuo várias idiossincrasias, mas uma delas em particular é com relação ao conhecimento. Na minha concepção conhecimento é algo deveria ser algo universal, disponível e procurado por todos, mas infelizmente não é bem assim.

Desde as eras mais remotas o conhecimento é utilizado com arma de controle e manipulação do povo, onde somente uma “elite” ou “escolhidos” tinham acesso a ele.  Na Bíblia temos uma passagem emblemática de Jesus falando aos escribas e fariseus, os pseudo-entendidos da época, e no meio do seu sermão ele fala:

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. João 8:32”

Obviamente ele estava se referindo às verdades que posteriormente se tornariam a Bíblia, mas essa frase é muito mais profunda, Jesus estava dando um “tapa com luva de pelica” nos escribas e fariseus, pois eles eram os únicos que podiam e tinham conhecimento para ler a Torá (velho testamento) e mesmo assim faziam uma interpretação enviesada e não compartilhavam o conhecimento com o povo.

Evoluindo para os dias atuais, vejo muitas pessoas falarem sobre a passagem da era industrial para a era da informação com um entusiasmo enorme e de fato, nunca na história da humanidade tivemos as informações de forma tão abundante, com um simples clique qualquer informação aparece na tela do smartphone. Só que um problema surge com isso:

“Abundância de informação não é sinônimo de abundância de conhecimento”

O homo sapiens conseguiu criar um método eficaz para captar informações e com isso acumulou uma quantia inimaginável de informações, mas não conseguiu criar um mecanismo eficiente para transformar essa informação em conhecimento.

Na minha época de escola nós tínhamos um processo simples para transformar informação em conhecimento, não era o mais eficiente, mas funcionava. Esse processo era composto por 3 passos simples:

  1. Realizar cópias: Nós éramos obrigados a ir a uma biblioteca, pegar um livro, sentar-se em uma cadeira e passar algumas horas copiando manualmente o texto. Isso nos dava algumas informações.
  2. Fazer resumos: Após copiar tudo, éramos obrigados a reler e fazer um resumo de tudo em algumas poucas linhas. Isso nos dava um conhecimento parcial do tema.
  3. Reprodução: E por fim, éramos obrigados a apresentar para toda a turma o que aprendemos. Fixação de conhecimento.

Até hoje me lembro de um seminário sobre desmatamento da Amazônia que eu fiz na 5º série. Se não me engano naquela época eram desmatados de 7 à 8 campos de futebol por dia.

Esse processo arcaico de conversão de informação para conhecimento já não funciona mais, pois as cópias manuais não existem, é mais fácil buscar no Google por resumos do que fazer o seu próprio e as apresentações não têm mais um conteúdo consistente.

“Mas afinal, o que tudo isso tem a ver com a minha empresa?”

Vamos ser práticos e sinceros, estamos na era da informação e o próximo passo é passarmos para era do conhecimento, quais ações sua empresa está fazendo para evoluir nesse sentido? Começando pelo básico, quantas dessas ações sua empresa incentiva e/ou realiza:

  • Disponibiliza bases de informações para treinamento dos funcionários?
  • Compartilha práticas de tecnologia?
  • Os ativos de conhecimento são identificados?
  • Quais ativos de conhecimento são gerados?
  • Processos organizacionais são revisados e melhorados com base na experiência e nos dados?
  • Existe incentivo a geração de conhecimento em toda empresa?
  • Existe colaboração para acrescentar mais camadas de conhecimento?
  • Quais são os indicadores de conhecimento da sua empresa?
  • Quanto vale os ativos de conhecimento de sua empresa?

Se sua resposta foi não para todas essas perguntas, a sua empresa não possui um gerenciamento de conhecimento e se sua resposta foi isso tudo está na área de P&D, a sua empresa não valoriza o conhecimento dos seus funcionários ou não tem maturidade para entender isso.

Eu sei que gerar conhecimento é algo árduo para uma empresa e muitas vezes é encarado como gastos desnecessários, mas é isso que separa as empresas atuais das empresas do amanhã. O conhecimento deve ser encarado não como um processo ou área, mas sim com um incremento na cultura organizacional. Eu tenho uma prática que aprendi quando trabalhava como gerente de nível de serviço, e replico até hoje:

“Não me dê suas conclusões, me mostre os dados e me ensine a chegar nas minhas conclusões”

As pessoas que eu mais me irrito são aquelas que começam o discurso dizendo “vou simplificar para você” ou “Isso é muito complexo para você”. Toda vez que ouço isso eu peço para a pessoa explicar, pois na grande maioria das vezes a pessoa não sabe como chegou nessa conclusão, ela só está replicando de alguém.

Como tudo na vida, infelizmente não existe uma fórmula mágica para transformação da informação em conhecimento no âmbito corporativo, mas existem indícios que sua empresa está indo no caminho certo, como por exemplo:

  • Pequenas empresas: Seu maior ativo de conhecimento são as pessoas, então mantenha seus indicadores de turnover baixos, entenda que quanto maior a rotatividade maior é a dissipação de conhecimento.
  • Médias Empresas: Tenha um processo de treinamento consistente, crie um indicador de percentual do orçamento gasto em treinamentos externos e internos.
  • Grandes Empresas: Tenha politicas estruturadas de gestão de conhecimento, tenha políticas de RH que fomentem a cultura do conhecimento, crie um wiki onde qualquer colaborador possa contribuir e incentive.

Conhecimento é algo que demora para ser construído e é frágil e fácil de ser destruído, não aposte em tecnologias caras como inteligência artificial, não gaste com área de data Science, não invista em mineração de dados se sua equipe não sabe calcular porcentagem no Excel. Inicie o investimento pelo conhecimento humano e depois escalone, todas essas tecnologias são válidas, mas de nada adianta tentar iniciar equação de segundo grau à crianças que não sabem somar, infelizmente temos que entender as camadas de geração de conhecimento, mas isso fica para um próximo artigo.

Por fim, essa é só minha opinião.

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