Dessa vez serei um pouco menos prático e pragmático. Alguns temas exigem um pouco mais de filosofia.
Estamos passando por uma onda de intelectualismo onde palavras difíceis são utilizadas para explicar coisas simples, ou que deveriam ser simples. Coisas do dia-a-dia são contadas como extraordinárias, uma simples criação de uma planilha se torna um evento, onde pessoas fazem vídeos, posts, stories contando como é difícil resolver esse problema.
Na minha concepção, não existem assuntos difíceis, mas sim assuntos que você não tem base teórica ou prática. Não adianta tentar explicar E=MC² para uma pessoa que não sabe o que significa cada uma dessas letras. Muitas pessoas acham que Einstein estava em um dia inspirador e criou essa fórmula, mas na realidade a descrição matemática da equivalência da massa e energia levou anos e anos de pesquisa de Einstein e outros inúmeros cientistas para ser montada. Viu, esse parágrafo pareceu complexo, eu poderia deixá-lo ainda menos atraente entulhando de termos técnicos e fórmulas matemáticas.
Usei esse exemplo específico porque a física foge ao cotidiano da maioria das pessoas e, via de regra, não é um assunto divertido ou em muitas das vezes prático. Por isso insisto que não adianta tentar explicar teorias administrativas se a pessoa não conhece a evolução da indústria, explicar práticas de mercado, se a pessoa não conhece o mercado, e assim por diante.
Se você está transmitindo alguma informação e o ouvinte ou leitor não está entendendo, o problema não é o receptor da informação, mas sim a pessoa que está transmitindo.
“Você é responsável pela informação que transmite”
Poderíamos ficar horas discutindo sobre esse assunto e exercitando nossa argumentação e dialética, mas temos que ser mais simples. Esse é o motivo da popularização das pseudociências, pois geralmente um cientista não recebe treinamento ou incentivo para comunicar suas descobertas para a população em geral, mas sim para sua bolha de cientistas.
A comunicação é algo que em essência é simples e cotidiano. Uma criança começa a se comunicar com suas primeiras palavras logo nos primeiros anos de vida e conforme cresce vai transformando sua comunicação em algo complexo. Esse processo deve ser utilizado para toda e qualquer área de conhecimento que desejamos possuir.
Temos vários problemas de comunicação que devem ser tratados e analisados:
- Público errado;
- Falta de contexto;
- Falta de base;
- Ruído na comunicação;
- Excesso ou falta de informação;
- Informações pseudocomplexas;
- E uma infinidade de outros.
Falando especificamente sobre a complexidade da informação, uso um termômetro simples para identificar se a pessoa realmente domina o assunto que está falando ou é somente um replicador de notícia de rede social. Se um palestrante, orador, professor ou qualquer transmissor de informação iniciar sua fala com uma das seguintes frases, corra para as montanhas, que o conteúdo é duvidoso:
- Esse assunto é muito complexo, vou simplificar para você entender – Quando escuto essa frase, sempre peço para ouvir a parte complexa, pois a pessoa pode estar insultando minha inteligência;
- Vou falar somente os tópicos principais para ficar mais fácil – Nesse caso eu peço pelo menos um site onde eu consiga ver todos os tópicos, para que eu possa tirar alguma dúvida durante a palestra;
- Nesse treinamento vamos ver o básico, e no próximo, veremos todo o conteúdo por somente R$ 59,99 – Vender conhecimento não é errado, desde que as pessoas que estão recebendo esse “treinamento básico” saibam que isso não é um treinamento mais sim uma campanha de marketing para vender treinamentos.
Conhecimento é algo que deveria ser universal e acessível a todos. A internet está ajudando muito a popularizar o consumo de informações no cotidiano das pessoas e creio que com o passar dos anos essas informações soltas e desconexas se tornarão uma fonte de conhecimento profunda.
E se você não está conseguindo passar sua informação porque ela é muito complexa, assista esse vídeo.
Em 30 segundos ele explica um semestre de aula sobre Teorema de Pitágoras (Quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos). Onde está a complexidade agora?
Por fim, essa é só minha opinião.