O mito das soluções disruptivas

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Para que todos tenham um entendimento da minha linha de raciocínio, farei uma breve contextualização.

Uma coisa muito interessante que está acontecendo com essa geração é a superexposição à informação. Nunca foi tão fácil, rápido e prático encontrar informação e com isso estamos presenciando um problema antigo, agora potencializado, que é a falta de interpretação e contextualização da informação.

O que eu observo no dia-a-dia é que grande parte das pessoas tem dificuldade em transformar informação em conhecimento e então utilizar esse conhecimento para executar alguma ação aplicável ao seu contexto. Pode parecer ridícula, mas aquela piada do Chaves nunca esteve tão atual:

“Eu sabia essa com maçãs, não com laranjas”

Mas o que tudo isso tem a ver com soluções disruptivas? O referencial. Quando lemos as histórias das empresas que mudaram o mercado temos três distorções básicas:

  • Os vencedores é quem contam a história: Raramente você vai achar um livro que conte as histórias das empresas que faliram em menos de 2 anos. Sempre ouvimos falar das empresas que cresceram, faturaram milhões e lançaram produtos extraordinários, que na realidade é a esmagadora minoria das empresas.
  • A história é contada em poucas páginas: Via de regra a história das empresas bem-sucedidas tem mais de 10 anos, mas é contada em no máximo 200 páginas de um livro, o que, obviamente, omite e ignora boa parte da história. A Netflix por exemplo, foi fundada em 1997 e só lançou o seu site de streaming como a conhecemos em 2007.
  • Jornada do herói: Esse conceito de narrativa geralmente é usado para contar e enaltecer a história dessas grandes empresas, muito semelhantes aos desenhos da Disney, transformando coisas do cotidiano em coisas épicas.

Não estou tirando o mérito de nenhuma empresa, pelo contrário, estou tentando demonstrar às pessoas “normais” que existem muitos outros fatores que influenciam no sucesso de uma empresa e na consequente disrupção de um mercado.

Nas startups e até em empresas jovens que já dei consultoria, observo que os empreendedores têm um conhecimento técnico muito acima do normal, porém não entendem absolutamente nada sobre a parte burocrática da empresa. Nesses casos existe uma correlação direta entre o sonho e a sobrevivência e caso alguns desses dois fatores seja preponderante, o resultado é a falência.

A maior parte das pessoas procuram a disrupção na tecnologia e gastam sua energia para criar o melhor site, produto, software, hardware, etc. e esquecem do plano de negócio. Se estudarmos a história dessas grandes empresas, vemos que a tecnologia foi só uma ferramenta para executar um plano de negócio engenhoso. Geralmente inicio uma consultoria a uma startup, perguntando:

Como você consegue fazer um plano de negócio, se você não entende nada de negócio?

Antes de ouvir as ideias inovadoras que irão mudar o mercado, eu convido os empreendedores a falar de negócios, coisas chatas que ninguém gosta, como:

  • Contabilidade
  • Impostos
  • Cenário macroeconômico
  • Leis trabalhistas
  • Direito do consumidor

Depois disso começamos a trabalhar no plano de negócio, construindo de forma evolutiva, um passo de cada vez e deixando claro que existe um longo caminho pela frente, até o resultado realmente aparecer.

Não quero dar a fórmula mágica para conseguir chegar até o sucesso, mas posso afirmar que um plano de negócio bem detalhado (nem que seja na sua cabeça) é o primeiro passo. Sem ele todas as decisões corporativas se tornam caóticas e sem sentido, investimentos desnecessários são realizados e o seu maior ativo, o tempo, é desperdiçado. Invista em um plano de negócio disruptivo.

Por fim, essa é só minha opinião.

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