Em todos esses anos que trabalho com tecnologia, governança, gestão e afins, aprendi duas coisas que norteiam meu trabalho e na minha opinião deveriam ser a base fundamental para qualquer um: “Identifique o problema que você quer resolver e elabore uma solução que considere ideal para esse problema.”
Toda vez que vou iniciar um projeto eu me faço as seguintes perguntas:
1. Qual é o problema que estou tentando resolver?
Parece trivial, mas deixar claro o problema que está tentando resolver é fundamental. Muitos projetos iniciam sem uma formulação clara do problema, acarretando um projeto frustrante que no final só gera toneladas de papéis. Então vamos direto à prática:
- Faça uma descrição inicial do problema – Não fique se preocupando com o “sexo dos anjos”, escreva qual problema está tentando resolver.
- Estude o problema – Ninguém sabe tudo, então comece a estudar para ter uma visão mais clara do problema.
- Questione – Levando em consideração que sua descrição inicial é sua visão preliminar do problema, questione o real motivo de fazer aquilo.
- Seja honesto com você mesmo – Tentamos sempre chegar à causa raiz, mas na grande maioria das vezes precisamos somente resolver os sintomas.
- Refaça a descrição do problema quantas vezes for necessário – Gaste tempo para formalizar seu problema e deixar claro a todos, principalmente para você, o que está sendo realmente resolvido.
Poderíamos filosofar sobre formulações de problemas, mas estou tentando ser o mais direto possível. Então só vou fazer mais um alerta: Não se proponha a resolver um problema que não quer resolver. Um exemplo bem simples disso é:
“Uma farmacêutica tentando curar todas as doenças do mundo” – Pensando na farmacêutica como empresa, obviamente esse não é o problema que ela está tentando resolver, mas sim, produzir e vender medicamentos, gerando lucro para a acionista. A cura de uma doença é praticamente um efeito colateral, pois faz a empresa ter que criar novos medicamentos para manter as vendas estáveis.
2. Qual a solução ideal para esse problema?
Agora que você sabe o que tem que resolver, tudo fica mais claro e fácil, correto? Mero engano. É neste momento que realmente surgem os grandes dilemas, pois todos os projetos têm uma tríplice restrição (escopo, tempo e custo). O desafio então será você sair do mundo das ideias e encarar a realidade assustadora dos orçamentos curtos, data definidas de entregas, falta de recursos, entre outros monstros. Como ponta pé inicial, comece a trabalhar:
- Levante os recursos – Levante quais recursos estão disponíveis para resolver esse problema (Pessoas, máquinas, dinheiro, entre outros). Provavelmente você não terá a mão tudo que precisa.
- Não comece do zero – Pesquise casos semelhantes que já resolveram esse problema. Costumo dizer que se um Chinês não fez isso ainda, patenteie!
- Faça o plano – Divida o problema em problemas menores e crie um plano de ação.
- Pare de reclamar! – Faça um plano coerente com as suas restrições. Via de regra, o plano que tem que se adaptar a suas restrições, não as suas restrições ao plano.
- Siga o plano – Parece óbvio, mas o que acontece no dia-a-dia é que no primeiro desvio o plano é jogado no lixo.
- Corrija a rota – A única coisa que eu tenho certeza é que o plano vai dar errado e vai precisar de correções de rotas. Corrija! Aprenda a navegar.
Como deve ter percebido, procure a “solução ideal” e não “a melhor solução” pois, como diz o ditado, “O Ótimo é inimigo do Bom”. Conheço muitas pessoas e empresas que ficam procurando a solução ótima e simplesmente acabam por não fazer nada. As startups entenderam essa máxima e estão tirando mercado de grandes empresas bem estabelecidas, mas isso é uma outra história.
Por fim, essa é só minha opinião.