É corriqueiro encontrarmos nas empresas pessoas sedentas por poder. Mas que fique bem claro: muitas delas só querem o poder; nada de responsabilidade.
Com uma rápida consulta podemos encontrar na wiki a definição de poder como sendo “a capacidade de deliberar arbitrariamente, agir, mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, o império”.
O poder está sempre relacionado com cargos importantes, pois é assim que a história nos conduziu até os dias de hoje. No passado reis e imperadores chegaram a ter o poder sobre a vida das pessoas; em outros tempos a igreja também tinha tal poder quando condenava as pessoas por heresia. Na atualidade grandes ícones de poder são os comandantes das nações, em especial se estas forem de 1º mundo.
A relação com o mundo empresarial é total porque nas empresas temos cargos de gestão nos quais seus ocupantes tem o poder de decidir sobre uma contratação ou uma demissão; sobre a realização da ação A ou da ação B; se adota a estratégia X ou a estratégia Z.
O papel do gestor de uma área, independentemente do tamanho desta, tem estes poderes mas também tem a responsabilidade de dar feedback difíceis seja ele de comportamento, performance ou até mesmo de vestimenta e modos; mas tem também a responsabilidade de direcionar seus subordinados para se desenvolverem naquilo que precisam para atingir seus objetivos, os quais muitas vezes não estão relacionados àquela área.
Já vi muito gestor adorando contratar pessoas, ler curriculum, fazer entrevista, dar a notícia da aprovação; já vi muitos gestores adorando reunir a equipe para comunicar a promoção ou aumento de salário de um subordinado. E, infelizmente, já vi muitas pessoa serem demitidas ou mal avaliadas sem saber o motivo, pois seu gestor não teve a coragem de ter uma conversa sincera e difícil; assim como já vi muitos subordinados amargarem anos em uma área ou cargo que não era seu objetivo só porque faltou para eles um gestor que os direcionassem no desenvolvimento profissional e pessoal.
Entretanto, no mundo corporativo o poder não se limita aos gestores porque dependendo da atividade exercida pelos subordinados estes também acabam tendo poder.
Já presenciei situações em que uma pessoa era a gestora de um projeto e ela adorava escrever o nome dela nas apresentações, em especial aquelas que eram exibidas para o corpo executivo. Porém, quando o projeto saiu do trilho e/ou não chegou no resultado esperado aquela mesma pessoa rapidamente começou a procurar o responsável por aquele acontecimento histórico. Sim, “acontecimento histórico” porque quando no mundo corporativo há necessidade de escrever o nome do responsável pela desgraça isso se torna um acontecimento histórico: são reuniões e mais reuniões, e-mails atrás de e-mails. E a pergunta que me fica no ar é “mas se aquela pessoa era a gestora do projeto porque estão gastando toda esta energia para encontrar o responsável?”. Simples: ela tinha o poder mas não quis ter a responsabilidade.
Mas este cenário não se encerra em atividade de gestão de projetos. Foi apenas um exemplo que pode ser extrapolado para qualquer atividade onde a pessoa tenha a missão de dar notícia difícil, principalmente se isso tiver que ser feito para níveis mais elevados na hierarquia corporativa.
Aí neste momento aquela pessoa que se enxergou dentro desta situação descrita neste texto pode pensar assim “não faz o menor sentido o que está escrito”. Pode ser que não faça sentido mesmo mas também pode ser apenas uma frase de fuga para esta pessoa que até então adora o poder mas não quer a responsabilidade.
Aquele que tem o poder em uma atividade também tem a responsabilidade de se antecipar aos problemas para que eles sejam evitados ou mitigados. Salvo em casos de catástrofe, raríssimos projetos, por exemplo, se perdem em prazo ou objetivo do dia para a noite. O que normalmente acontece é que a coisa vai acontecendo de mansinho e quando se viu tudo está perdido porque quem tinha o poder sobre o projeto não teve a responsabilidade de atuar no momento devido.
Aí vem um iluminado e diz
… sinto em dizer mas este modelo está ou deveria estar em desuso no mundo corporativo; não cabe mais este custo operacional de ter uma pessoa só para ficar atualizando status… “mas esta é só minha opinião” como já diria um grande pensador contemporâneo.
Aliás… é por isso que ter liderança é algo bem diferente de ter poder… mas isso é assunto para outra roda de conversa…
E você, quer mesmo ter poder?